Introdução: O nervo infra-orbital está freqüentemente envolvido
em fraturas do complexo órbito-zigomático, o que resulta,
tanto na fase aguda do traumatismo quanto tardiamente,
em alteração da sensibilidade no território cutâneo inervado
por ele. A lesão nervosa ocorre por trauma direto, compressão,
isquemia ou lacerações nos vários pontos de seu trajeto.
Método: Com o objetivo de avaliar as alterações tardias da
sensibilidade no território cutâneo do nervo infra-orbital em
vítimas de fraturas do complexo órbito-zigomático, foram incluídos
no estudo 25 pacientes com fraturas unilaterais do
complexo (9 mulheres e 16 homens). O tipo de fratura mais
freqüente no grupo em estudo foi o tipo III da classificação de
Knight e North. Oitenta por cento dos pacientes foram submetidos
a tratamento que, em sua grande maioria, consistiu de
exploração cirúrgica e fixação dos focos de fratura com fio de
aço ou miniplacas e parafusos. Quando houve necessidade,
o assoalho da órbita foi explorado, o conteúdo orbital foi reduzido
para a cavidade orbital e o enxerto de cartilagem ou
osso autógeno foi colocado. Todos os pacientes foram abordados
em um período pós-traumatismo de, no mínimo, 24
meses. A avaliação da sensibilidade baseou-se no estudo das
fibras de adaptação lenta e das fibras de adaptação rápida do
grupo A beta no território do nervo infra-orbital e foi realizada
de três maneiras: a) determinação da distância para discriminação
de dois pontos; b) determinação do limiar cutâneo de
pressão; c) questionamento ao paciente quanto a alterações
da sensibilidade local percebidas no seu dia-a-dia (sensação
subjetiva). O lado da face contralateral, onde não ocorreu
fratura, foi usado como grupo controle. Resultados: Observou-
se diferença estatisticamente significante entre o lado fraturado
e o lado controle nos testes de discriminação de dois
pontos e na aferição do limiar cutâneo de pressão para um
ponto dinâmico. Nos demais testes, as diferenças foram
significantes apenas em pontos dispersos da face. Observouse
ainda ser a hipoestesia a principal queixa do paciente quando
inquirido a respeito da sensibilidade de sua face.
Cirurgia endoscópica endonasal da órbita: revisão de 6 anos de casuística, resultados e complicações
AUTOR
TOMAS GOMES PATROCINIO1, LUCAS GOMES PATROCINIO2, JOSÉ ANTÔNIO PATROCINIO3
RESUMO
Introdução: A cirurgia da órbita recebeu um grande
impulso nas últimas décadas com o advento da endoscopia.
O acesso endonasal possibilitou o avanço principalmente
na cirurgia da oftalmopatia de Graves e da neuropatia óptica.
Objetivo: Apresentar nossa experiência com a cirurgia
endoscópica endonasal da órbita, avaliando a casuística,
os resultados e as complicações nos últimos seis anos. Método:
Estudo retrospectivo, realizado de janeiro de 2002 a
janeiro de 2008, de 18 pacientes (30 órbitas) submetidos a
cirurgia endonasal endoscópica da órbita. Os resultados foram
avaliados com relação a acuidade visual, melhoria da
proptose e complicações associadas. Técnicas cirúrgicas utilizadas
são descritas. Resultados: No período foi realizada
descompressão do nervo óptico em uma paciente com
pseudotumor cerebral e um paciente com angifibroma. Houve
melhora em ambos, após seis meses, de toda a avaliação
oftalmológica. Também foi realizada em quatro pacientes com
baixa de acuidade visual em decorrência de neuropatia traumática
do nervo óptico, com melhora importante em dois
deles. A descompressão orbitária foi realizada em 24 órbitas
de 12 pacientes portadores de exoftalmia de Graves. A média
de redução da proptose foi de 3,79 mm (variando de
3,09 mm a 4,57 mm). A acuidade visual melhorou nos dois
pacientes que apresentavam déficit pré-operatório. Diplopia
ocorreu em uma paciente. Conclusões: A cirurgia orbitária
por acesso endoscópico endonasal demonstrou-se um tratamento
cirúrgico útil para inverter e prevenir deterioração visual
e melhorar a proptose, com baixo índice de complicações.
Portanto, acreditamos que esta abordagem merece
consideração dos cirurgiões craniomaxilofaciais quando frente
a um paciente com estes problemas.
Descritores
Doença de Graves. Órbita/cirurgia.
Endoscopia.
TÍTULO
Tratamento das fraturas mandibulares com fixação
interna rígida: estudo comparativo entre via de acesso
extra-oral e intra-oral com uso de trocarte percutâneo
AUTOR
MILTON FALCÃO CARVALHO NETO1
RESUMO
Realizou-se neste trabalho um estudo retrospectivo de
pacientes com fraturas complexas, cominutivas e
desaforáveis de corpo, ângulo e ramo de mandíbula, tratados
com osteossíntese utilizando miniplacas de titânio, entre o período de março de 2002 até fevereiro de 2006.
Os pacientes foram diferenciados de acordo com via de
acesso cirúrgica: extra-oral ou intra-oral. O autor conclui
que os pacientes submetidos a via de acesso intra-oral
com trocarte percutâneo tiveram menor tempo cirúrgico,
período de internação mais curto, menor custo hospitalar,
não apresentaram complicações e obtiveram resultado
estético melhor, com ausência de cicatrizes expostas.
Tratamento cirúrgico e não-cirúrgico de fraturas de
côndilo: revisão de 25 casos
AUTOR
ANA RITA DE LUNA FREIRE PEIXOTO1, ANA PAULA SANTIAGO2, ILANA LIMA2
RESUMO
O objetivo deste estudo foi demonstrar os resultados obtidos
com o tratamento de 25 pacientes com fratura do côndilo
(13 foram submetidos a tratamento cirúrgico e 12 a tratamento
conservador), com idades entre 8 e 60 anos; 18 do
sexo masculino e 7 do sexo feminino, tratados em hospital
da rede pública em Salvador, entre 2001 e 2007. O seguimento
pós-operatório variou de duas semanas a dois anos.
Descritores
Côndilo mandibular/lesões. Mandíbula/
lesões. Fixação interna de fraturas. Articulação
temporomandibular/lesões.
TÍTULO
Terapia miofuncional no tratamento de anquilose
temporomandibular: análise de 7 pacientes
AUTOR
ANA PAULA DOI BAUTZER1, NIVALDO ALONSO2, DOV GOLDENBERG3, LIDIA D’AGOSTINO1
RESUMO
Introdução: A anquilose temporomandibular é uma
fusão óssea, fibrosa e cartilaginosa das superfícies da articulação
temporomandibular que produz uma limitação progressiva
da abertura bucal e dos movimentos andibulares,
impedindo a excursão normal da mandíbula, podendo
alterar as funções estomatognáticas: mastigação, deglutição
e fala, além de dificultar a igiene. Leva também a problemas
psicológicos e sociais devido às alterações funcionais
e estéticas. Método: Foram avaliados 7 pacientes, de
ambos os sexos, que apresentaram anquilose
temporomandibular, com a mediana de 15 anos de idade,
que foram submetidos a liberação do coronóide para correção
da anquilose temporomandibular. Todos os pacientes
responderam a um questionário que indagava sobre dados
de anamnese e queixa principal e passaram por avaliação
fonoaudiológica com mensurações específicas, seguindo
protocolos específicos para trauma de face. Foram excluídos
desta pesquisa os pacientes que já haviam sido submetidos
a algum tipo de tratamento cirúrgico e/ou
fonoaudiológico. Foram realizadas 26 sessões semanais
individuais, durante seis meses, visando à reabilitação das
alterações encontradas na avaliação fonoaudiológica. Resultados:
O tratamento dirigido de fonoterapia pós-cirúrgico
contribuiu para o restabelecimento da mobilidade, além
de propiciar orientações aos cuidadores sobre o treinamento
diário de todos os exercícios propostos, levando em consideração
as dificuldades individuais. Somente após a intervenção
fonoaudiológica que as outras alterações encontradas
dos órgãos fonoarticulatórios e queixas puderam ser
sanadas. Conclusão: O trabalho fonoaudiológico no tratamento
de pacientes com anquilose temporomandibular
pós-cirúrgico se mostrou eficaz para reeducar a musculatura
orofacial e restabelecer suas funções estomatognáticas
no pós-cirúrgico, evitando uma recidiva.
Descritores
Anquilose. Reabilitação. Articulação
temporomandibular. Sistema estomatognático.
TÍTULO
Hiperteleorbitismo: uma proposta de tratamento
AUTOR
VERA LUCIA NOCCHI CARDIM1, ROLF LUCAS SALOMONS2, RODRIGO DE FARIA VALLE DORNELLES3, ALESSANDRA SANTOS SILVA3,
ADRIANO LIMA E SILVA3, JOSÉ ORLOFE BLOM4
RESUMO
Nos casos de hiperteleorbitismo em que não exista
meningoencefalocele transetmoidal, os ossos próprios do
nariz e a glabela estejam presentes e a arcada superior
esteja colapsada, indica-se uma osteotomia que combina duas técnicas: a bipartição facial de Van der Meulen por
via extracraniana e a mobilização orbital com manutenção
das estruturas centrais, de Psillakis. Realiza-se uma
disjunção craniofacial (por via extracraniana) e as
hemifaces são medializadas em direção ao dorso nasal
fixo. A diminuição da distância interorbital se dá por
ressecção de faixas ósseas paramedianas, como se a osteotomia em V central da bipartição margeasse a linha
média do dorso nasal sem atingi-la. Sem a necessidade
de enxertia óssea no dorso nasal e ostectomia em área de
lâmina crivosa, a cirurgia se torna rápida, de baixa morbidade e esteticamente eficaz. A linha média fixa confere
adequada projeção do dorso nasal, proporcionando
excelente referência espacial para a rotação centrípeta das
hemifaces.
Aplicações da fotografia em três dimensões
na Cirurgia Plástica
AUTOR
RODRIGO PLENS TEIXEIRA1, SUSANNE K. WILLIAMS2, LLOYD A. ELLIS3, ANDREW L. GREENSMITH4
RESUMO
Sistemas digitais sofisticados de fotografia em três dimensões
melhoraram muito a captura de imagens do corpo humano.
A introdução de um sistema rápido, não-invasivo e
sem radiação ionizante é estimulante, e esses avanços possibilitaram
novas aplicações da imagem em três dimensões na cirurgia plástica. Desde 2004, o Royal Children’s Hospital
(RCH) de elbourne utiliza o sistema de fotografia digital em
três imensões 3dMDTM, que foi montado num centro exclusivamente
dedicado (Centro de imagens da Batten
Foundation). Desde então, uma equipe multidisciplinar trabalha
para desenvolver técnicas mais apuradas para coletar
e analisar informações para que se possa tirar pleno proveito
dessa poderosa tecnologia. Este artigo escreve uma série
de aplicações clínicas onde a captura de dados em três dimensões
e sua análise têm sido úteis.
Descritores
Fotografia. Imagem tridimensional. Diagnóstico
por imagem. Técnicas de diagnóstico e procedimentos.
Cirurgia plástica. Processamento de imagem assistida
por computador. Imagem tridimensional.
TÍTULO
Retalho anterior de músculo bucinador para correção
de fístula oronasal com acesso intra-oral
AUTOR
PAULO ROBERTO MELO GOMES1, RODRIGO GOUVÊA ROSIQUE2, MARINA JUNQUEIRA FERREIRA ROSIQUE2, JOSÉ MARCOS DE ANDRADE MÉLEGA3
SUMMARY
RESUMO
Introdução: O cirurgião plástico se depara com
muitas situações de carência de tecido para o fechamento
de falhas intra-orais. O retalho miomucoso do bucinador
é uma forma plausível de manipular grande quantidade
de mucosa vascularizada dentro da cavidade oral, porém
com cicatriz externa, devido ao duplo acesso. Visando à
diminuição deste estigma, foi utilizado o retalho miomucoso
em ilha do músculo bucinador (RMBI) com base no pedículo anterior usando apenas acesso intra-oral.
Método: Duas pacientes, adultas (14 e 18 anos), do sexo
feminino, apresentando fístula oronasal anterior de 2 cm x
2,5 cm e 2 cm x 3 cm, seqüela de fenda labial e palatina completa, foram operadas. Previamente, foram realizadas
dissecções em cadáveres para aperfeiçoar a técnica.
Resultados: A indicação do RMBI foi decorrente da
vascularização abundante, de sua extensão, de sua largura e, principalmente, de seu arco de rotação possível
de 180 graus, possibilitando a transferência para o palato
duro. A incisão intra-oral permite uma boa dissecção e
liberação do retalho, sem comprometimento da artéria labial,
e sem a cicatriz da abordagem transcutânea.
Conclusões: Encontramos no retalho miomucoso de
pedículo anterior a melhor alternativa para as grandes reconstruções
de seqüelas na região anterior do palato. Este retalho pode ser utilizado bilateralmente, além de se prestar
para reconstruções de outros segmentos intra e
extracavitários, como reconstrução de lábio, sem seqüelas
funcionais ou estéticas importantes.